Minha experiência de safári na reserva Karongwe, na África do Sul, me fez lembrar do livro “O despertar de uma nova consciência”. Em um de seus capítulos, Eckart Tolle diz que a mente humana se sente mais confortável em um parque paisagístico do que em uma floresta, porque o parque foi planejado a partir do pensamento – não cresceu organicamente. No parque, existe uma ordem fácil de entender, enquanto a floresta carrega consigo uma ordem que, para a mente humana, se parece com o caos.
Não é possível aprender sobre a floresta por meio do pensamento. No entanto, segundo o autor, podemos senti-la e tomar consciência de sua sacralidade quando deixamos de pensar, ficamos atentos e em silêncio, e não tentamos entende-la ou explica-la.
“Tão logo sentimos essa harmonia oculta (da floresta), constatamos que não estamos separados dela e, nesse momento, nos tornamos um participante consciente dessa sacralidade. Dessa maneira, a natureza pode nos ajudar a retomar o alinhamento com a unicidade da vida”
Foi exatamente assim que me senti depois de minha estadia em Karongwe, uma reserva privada de 8500 hectares situada na região Central Lowveld, em Limpopo. Além de validarem as citações do livro de Eckart Tolle, as experiências de safári na reserva trouxeram aprendizagens sobre comportamento animal e a fauna local e se tornaram uma ótima maneira de conhecer mais sobre a vida dos sul-africanos que trabalham na indústria de safári e que contribuíram para que nossas experiências na mata fossem ainda mais especiais e personalizadas.
Seu típico dia na reserva Karongwe – no meu caso, mais especificamente em Shiduli Private Game Lodge – começa às 5h da manhã. Acorde, prepare-se para o safári e dirija-se para a área de jantar, onde café, chá e biscoitos esperam por você. Aperitivos essenciais antes de seu safári matutino, que deve durar cerca de 3 horas. Meu primeiro dia em Shiduli, no entanto, começou com um safári vespertino, com início às 16h, depois de uma viagem de carro de 50 minutos partindo de Hoedspruit.
Surpreendentemente, depois de apenas 15 minutos de safári, avistamos uma alcateia de leões. A experiência por si só já foi o suficiente para uma certa euforia, particularmente para uma pessoa até então só havia visto leões em um zoológico em São Paulo. Nosso brilhante guia, Simon, nos conta que os leões que observamos ainda não são experientes o suficiente para atacar um búfalo daquele tamanho.
Simon, aliás, foi uma peça-chave durante nossa experiência, bem como nosso tracker Joel, na indústria de safári há 16 anos e proficiência em 11 idiomas. Doze, na verdade, se formos contar as vezes em que ele tentou se comunicar com os animais. Simon tem 17 anos de profissão; já trabalhou em reservas como a Sabi Sand e conhece a Karongwe como a palma da mão. Pragmático e extremamente direto, ele se comunica de forma clara e objetiva, muitas vezes comparando o comportamento animal com o humano.
Voltando ao safári: ainda que o leão a poucos passos de distância de nosso veículo seja bastante intimidador, ele é esperto o suficiente para saber que um ataque ao búfalo pode não ser uma boa ideia. Ao invés disso, quem toma as rédeas da situação é o próprio búfalo, que corre na direção do majestoso felino para afastá-lo. A atitude se mostra precisa e eficáz, já que o leão não tem outra escolha além de correr e se esconder entre os arbustos. Todos dentro do veículo estão tão fixados no que veem, que esquecem de filmar a cena com seus iPhones e GoPros. Eckart Tolle ficaria orgulhoso de nós!
O safári continua. Em nosso primeiro dia, pudemos observar um leopardo com 2 filhotes, um rinoceronte-branco escondido por entre arvores, bem como uma série de antílopes e belas espécies de aves que eu nunca tinha ouvido falar a respeito. Ainda que ver quatro dos Big 5 tenha sido algo extremamente especial em apenas poucas horas de safári, eu sabia que: 1. nem todos os safáris seriam tão prolíficos; 2. ainda assim, muito mais estava por vir e 3. um safári vai muito além dos encontros com os Big 5.
Simon destacaria isso horas depois, durante nosso jantar ao redor da fogueira. “Às vezes as pessoas estão tão focadas em ver grandes mamíferos, que esquecem que há muita beleza ao redor, como em árvores, insetos, aves e frutos”. Os jantares no boma, aliás, são uma parte extremamente gratificante da experiência. É durante estas refeições que os hóspedes podem compartilhar seus momentos mais especiais do dia e fazerem amizade.
Os dias posteriores são tão especiais quanto o primeiro. Além das excelentes refeições e tardes refrescantes à beira da piscina, os safáris são repletos de momentos e vistas fascinantes. Um dos meus preferidos foram os drinks que tivemos em nosso segundo dia, em frente a um lago repleto de hipopótamos e um pôr-do-sol desconcertante à nossa frente. No terceiro dia, pudemos ver um bando de búfalos descansando à beira do lago, bem como um crocodilo desfrutando da luz do sol.
Meus companheiros de safári se lembram com carinho do momento em que cruzamos com uma manada de elefantes. Na ocasião, um dos “gigantes gentis” coloca a tromba para dentro de nosso veículo, especificamente próxima ao rosto de nosso tracker Joel, o que deixou todos no veículo assustados e, ao mesmo tempo, maravilhados.
Como mencionado acima, Joel é um veterano da indústria de safári e sabe que a melhor forma de reagir a um episódio como este é não fazer movimentos bruscos que façam os animais se sentirem ameaçados. O elefante afasta a tromba de Joel e se junta aos seus companheiros de manada, para o alívio e a felicidade de todos do veículo, que em poucos segundos já estavam assistindo à cena, novamente, pelos vídeos recém filmados em seus celulares.
Outros momentos especiais foram, sem dúvidas, uma briga de rinocerontes que, por pouco, não atingiu nosso veículo, e a oportunidade de sair de nosso veículo e se aproximar de uma cheetah brincando com seus dois filhotes. Dizer “tchau” à reserva Karongwe e à equipe do Shiduli foi difícil. Já estávamos tão acostumados com a rotina da reserva que não estávamos mais “pensando” e, sim, sentindo cada atividade de safári como algo intrínseco ao nosso dia a dia.
Teríamos que voltar ao caos da vida urbana e ao nosso velho hábito de pensar, explicar e analisar o universo em nossa volta, enquanto tudo em Karongwe parecia espontâneo, interconectado e sem a mínima necessidade de explicação – ainda que nosso guia Simon tenha oferecido as melhores explicações possíveis!
Shiduli Private Game Lodge é uma hospedagem de safári que integra o portfólio Karongwe. Tem como pano de fundos a bela Drakensberg – a maior cadeia de montanhas da África. Se tiver um dia extra pela região, não deixe de agendar uma excursão diurna para a Rota Panorâmica, uma grata adição ao seu itinerário.
Caso queira reservar algumas noites em Shiduli, entre em contato com nossos consultores de viagem pelo nosso site e prepare-se para uma aventura de safári inesquecível na África do Sul.