Abril 26

Wildlife ACT | Na luta pela conservação da vida selvagem africana

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Por Nathalia Marangoni em
Abril 26, 2018

Na Rhino Africa acreditamos que é extremamente necessário proteger nosso meio ambiente e o continente que tanto amamos. Esta é a principal razão pela qual, por muitos anos, temos trabalhado lado a lado com a associação Wildlife ACT, que ajuda a preservar espécies ameaçadas em toda a África.

Pensando em dar mais destaque a este trabalho, entrevistamos Johan Maree, co-fundador da associação e atual presidente. Com ele descobriremos quais são as espécies mais ameaçadas, quantos rinocerontes-negros ainda existem na África e como é possível fazer parte desta bela iniciativa.

Johan Maree (à esquerda) no deserto da Namíbia.
Johan Maree (à esquerda) no deserto da Namíbia. Foto: Challenge4acause

Lutando pelas espécies ameaçadas

Rhino Africa: Quando e onde a história da Wildlife ACT começou?

Johan Maree: Eu fundei a Wildlife ACT há dez anos com Chris Kelly e Simon Morgan. Queríamos desenvolver soluções para apoiar e proteger as diferentes espécies ameaçadas na África. Percebemos também que as comunidades que vivem em volta ou nas próprias reservas precisavam fazer parte desses projetos de conservação para que pudessem criar um sistema de economia sustentável.

Nosso primeiro modelo econômico também foi o mais eficaz. Trata-se de oferecer uma oferta ecoturista: vender viagens com um impacto positivo que possa financiar nossas ações de acompanhamento e proteção de espécies ameaçadas. Todos os anos, mais de 600 voluntários juntam-se aos nossos especialistas na área e têm a oportunidade de estar diretamente envolvidos na nossa luta contra a extinção de cães selvagens africanos, rinocerontes negros, leopardos, chitas, elefantes, abutres ou tartarugas.

RA: Qual é o seu papel na associação?

J.M.: Eu sou co-fundador e presidente da Wildlife ACT. Depois de terminar meus estudos em comércio e marketing, trabalhei na indústria da publicidade por cinco anos, antes de me dedicar completamente à associação. Meu papel na Wildlife ACT é tomar medidas para salvar as diferentes espécies ameaçadas de extinção. Para isso, nos concentramos em criar toda uma nova economia que beneficie tanto as comunidades locais e o meio ambiente quanto a vida selvagem que a habita.

Cão selvagem africano sendo monitorado por profissionais da Wildlife ACT
Cão selvagem africano sendo monitorado. Foto: Wildlige ACT

RA: Quais espécies estão atualmente ameaçadas na África?

J.M.: Infelizmente, a África tem mais de 400 espécies ameaçadas. Embora nossas prioridades estejam focadas no leão, no leopardo, na chita e no elefante, a Wildlife ACT também se concentra nas seguintes espécies:

Rinoceronte-negro (Dicerosbicornis): criticamente ameaçado.

Abutre-de-cabeça-branca (Trigonoceps occipitalis): criticamente em perigo.

Abutre-de-rabadilha-branca (Gyps africanus): en peligro crítico de extinción.

Tartaruga-de-pente (Eretmochelysimbricata): criticamente em perigo.

Tartaruga-verde (Cheloniamydas): em perigo moderado de extinção.

Cão-selvagem-africano (Lyaconpictus): em perigo moderado de extinção.

Abutre-real (Torgostracheliotos): em perigo moderado de extinção.

ACT Wildlife em ação, protegendo espécies ameaçadas.
ACT Wildlife em ação, protegendo espécies ameaçadas. Foto: Wildlife ACT

O rinoceronte-negro

RA: Qual é a diferença entre o rinoceronte-branco e o rinoceronte-negro?

J.M.: O rinoceronte-branco é herbívoro e se alimenta de grama, enquanto o rinoceronte-negro – também herbívoro – baseia sua dieta nas folhas das árvores. Além disso, o primeiro possui um crânio maior que o segundo. O rinoceronte negro é, por sua vez, uma das espécies mais ameaçadas de todo o continente africano.

RA: Quantos rinocerontes-negros ainda restam na África e na África do Sul?

J.M.: Em 1970, cerca de 65.000 membros dessa espécie habitavam a África subsaariana. Na África Oriental, cerca de 90% morreram devido à caça furtiva. Hoje, apenas 2.500 rinocerontes-negros sobrevivem no Zimbábue, África do Sul, Quênia, Namíbia e Tanzânia. A África do Sul tornou-se um refúgio para eles, abrigando a maior quantidade dessa espécie no mundo.

Simon, membro da Wildlife ACT, ajudando a levantar um rinoceronte.
Simon, membro da associação, ajudando a levantar um rinoceronte. Foto: Wildlife ACT

RA: Por que os rinocerontes são vítimas da caça furtiva?

J.M.: Por dinheiro. Sob o guarda-chuva de diferentes associações e lobbies criminosos, mercados como o Vietnã ou a China exigem uma grande demanda por chifres de rinoceronte para vários usos. Em 2012, o rinoceronte-negro foi declarado totalmente extinto na África Ocidental e na ilha de Java.

A África do Sul abriga hoje a maior população de rinocerontes-brancos e negros, explicando por que o país continua a combater o que pode ser a pior crise de conservação para espécies ameaçadas nos últimos 100 anos.

RA: Quais iniciativas da Wildlife ACT para proteger o rinoceronte-negro?

J.M.: Principalmente vigilância e monitoramento radiotelemático. Para salvar o rinoceronte negro, a Wildlife ACT está iniciando vários projetos de monitoramento e rastreamento para desenvolver novas medidas contra a caça furtiva. O primeiro e mais importante é acompanhar o comportamento do rinoceronte, adquirindo o melhor equipamento de telemática para esse monitoramento. Com esses sistemas, podemos coletar uma grande quantidade de dados que nos ajudam a entender, localizá-los e protegê-los melhor.

Pequeno rinoceronte resgatado pela Wildlife ACT
Pequeno rinoceronte resgatado pela Wildlife ACT. Foto: Wildlife ACT

RA: O número de rinocerontes-negros tem aumentado?

J.M.: Apesar da pressão dos diferentes lobbies, a população de rinocerontes-negros aumentou nos últimos três anos. No entanto, seu número ainda é muito pequeno e essa progressão ainda é muito frágil. Mesmo uma caça leve pode matar todos os anos de trabalho, por isso não podemos baixar a nossa guarda: temos que fazer todo o possível para eliminar o rinoceronte-negro da lista de espécies ameaçadas de extinção.

Momentos especiais

RA: Qual tem sido sua maior conquista desde que ingressou na Wildlife ACT?

J.M.: Wildlife ACT assumiu muitos desafios desde o seu início defendendo espécies ameaçadas, tornando difícil escolher apenas uma. É por isso que encorajamos qualquer um que esteja interessado a visitar nosso site e ver as realizações mais importantes da associação durante todos os seus anos de vida.

Enquanto isso, aqui estão nossas grandes conquistas deste 2017:

  • Segundo lugar no “African Responsible Tourism Awards 2017” na categoria “Melhores habitats para conservação de espécies”
  • Primeiro programa de vida selvagem ao receber a certificação “Fair Trade Tourism”
  • Nomeação de Chris Kelly, co-fundador da Wildlife ACT, como finalista do “Rhino Conservation Award”

RA: Se você pudesse ser um animal da savana, qual você seria e por quê?

J.M.: Sem dúvida, seria um cão selvagem africano (também chamado de cães selvagens). Eu aprendi a entender e admirar este animal desde criança. Eles são animais sociais com laços familiares extremamente fortes, com cada membro responsável por proteger os mais jovens. Não importa se são homens ou mulheres, irmãos, irmãs ou parentes: todos cuidam dos mais vulneráveis.

Eles também são um dos melhores caçadores da savana, usando uma técnica que usa o trabalho em equipe para cercar suas presas. Infelizmente, os cães selvagens também são a segunda espécie mais ameaçada na África e são vítimas de armadilhas por caçadores.

RA: Você poderia definir Wildlife Act em três palavras?

J.M.: Prioridade Conservação Espécies em perigo.

O monitoramento é uma das principais atividades da Wildlife ACT
O monitoramento é uma das principais atividades da Wildlife ACT. Foto: Wildlife ACT

Como se tornar um voluntário da Wildlife ACT

RA: Como alguém pode se tornar um voluntário dessa associação?

J.M.: Wildlife ACT oferece a oportunidade para todos, não importa quantos anos e onde eles vivem, investirem seu tempo em salvar espécies ameaçadas enquanto desfrutam de uma experiência autêntica na selva africana. A associação está sempre procurando pessoas que queiram contribuir com a causa doando seu tempo e seu dinheiro, para financiar o equipamento e o custo das operações nas quais participarão.

Se você também quer fazer parte da equipe de especialistas, bem como das missões de resgate dos animais mais importantes do continente, você é o candidato de que precisamos. No nosso site você pode ver todos os nossos programas de voluntariado.

Operação de salvação de um leão, Wildlife ACT
Operação de salvação de um leão. Foto: Wildlife ACT

RA: Como é o dia a dia de um voluntário da Wildlife ACT?

J.M.: Você se levantará cedo e pulará para a parte de trás de um dos nossos 4×4 abertos para fazer uma sessão de rastreamento de animais com seu rádio e outros voluntários (até um número máximo de cinco deles).

Seu rádio será capaz de localizar os animais através dos colares transmissores que eles carregam. Nos seus primeiros dias, você receberá treinamento sobre como funciona e, em pouco tempo, poderá vigilar e monitorar os animais de forma totalmente independente.

Depois de ter localizado o animal, você registrará sua localização usando um GPS portátil, atualizando a situação e a trajetória do animal. As espécies monitoradas incluem aquelas em maior risco de extinção, como o cão selvagem africano, o guepardo, o rinoceronte-negro e o abutre. Além disso, também organizamos passeios de vigilância com elefantes, rinocerontes brancos, hienas e leopardos.

Normalmente voltamos ao refúgio no final da manhã e passamos esse tempo relaxando, lendo, escrevendo, cochilando ou observando a excitante vida selvagem que se move ao redor de nosso acampamento.

À tarde saímos de novo, voltando à noite para preparar o jantar. Nós apreciamos cada refeição juntos, ao redor do fogo, ouvindo os sons da selva e comentando sobre as aventuras do dia.

Além disso, pelo menos uma vez por semana, passamos um dia inteiro gravando e analisando todas as informações coletadas durante a semana.

Voluntário no Wildlife ACT, uma experiência única.
Voluntário no Wildlife ACT, uma experiência única. Foto: Wildlife ACT

A Rhino Africa agradece Johan pelo valioso tempo que dedicou a esta entrevista. Se você quiser fazer parte deste belo e gratificante projeto, se juntar à sua equipe de voluntários e proteger a vida selvagem da África, leia todas as informações neste link. (conteúdo em inglês)

Entrevista originalmente conduzida por Garance Chassaing, redatora de conteúdo em francês.


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Sobre o autor

Nathalia Marangoni

Nascida e criada na cidade mais populosa da América Latina, São Paulo, Nathalia tinha 13 anos quando ouviu pela primeira sobre Cape Town em um programa de TV. Depois de estudar Jornalismo, ela trabalhou por alguns anos em uma ONG dedicada ao empoderamento e empreendedorismo feminino, o que lhe permitiu viajar por diferentes regiões do Brasil, entrevistando e fotografando mulheres muito fortes. A experiência levou Nathalia a se sentir confiante o suficiente para se mudar de sua cidade natal e, finalmente, ver Cape Town com seus próprios olhos: um desejo antigo que dividiu águas em sua vida.

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