Janeiro 11

Explorando vinícolas sul-africanas de bicicleta com Rent a Bicycle

Por Nathalia Marangoni em
Janeiro 11, 2019

Uma excelente forma de explorar um destino e se sentir verdadeiramente parte dele é sobre duas rodas. Gordon’s Bay, uma cidadezinha costeira a menos de uma hora da Cidade do Cabo, é um ótimo local para pedalar. Em cima de uma bicicleta, viajantes podem não percorrer as ruas majoritariamente planas da cidade e conhecer outras atrações imperdíveis do Cabo Oriental. Tudo isso é possível, e facilitado, pela Rent a Bicycle, uma empresa localizada em Gordon’s Bay que desde 2007 proporciona a viajantes de todo mundo a oportunidade não apenas de alugar um bicicleta, como também a de participar de passeios temáticos sobre duas rodas que abordam cultura, aventura e natureza.

Passeio de bicicleta por vinícolas sul-africanas promovido por Rent a Bicycle
Passeio de bicicleta por vinícolas sul-africanas promovido por Rent a Bicycle. Foto: Ricardo Dominguez

Durante nossa passagem pela cidade, o dono da empresa, o simpático Ryno, nos levou para uma jornada pelas charmosas vinícolas de Stellenbosch. Sempre atencioso, ele nos contou inúmeras curiosidades sobre as principais atrações da região, compartilhou detalhes sobre como o apoio de sua esposa foi fundamental para que ele largasse o emprego na indústria farmacêutica para se dedicar unicamente à promoção do cicloturismo, bem como os promissores planos da Rent a Bicycle para o futuro.

Bicicletas enfileiradas em Somerbosch Wine Farm. Foto: Nathalia Marangoni
Bicicletas enfileiradas em Somerbosch Wine Farm. Foto: Nathalia Marangoni

Esse bate-papo não poderia acontecer em hora melhor: nossa excursão foi realizada no dia 31 de dezembro de 2018 e, por estarmos vivendo o último dia do ano, estávamos felizes em poder explorar o terreno levemente acidentado das propriedades enquanto, assim como Ryno, refletíamos sobre o passado e fazíamos resoluções mentais para o ano vindouro. Tudo isso sentindo a brisa tocar o nosso rosto sob um sol escaldante, durante as subidas e descidas mais gentis entre os vinhedos.

Montanhas como Devil's Peak e Table Mountain emolduradas por vinhedos
Montanhas como Devil’s Peak e Table Mountain emolduradas por vinhedos. Foto: Nathalia Marangoni

O trajeto de 20 quilômetros foi escolhido de acordo com nosso nível de experiência com as magrelas, ou seja, por não sermos ciclistas experientes, Ryno nos levou para um passeio mais tranquilo, com pouquíssimos trechos técnicos e subidas ígremes, por duas vinícolas, já que a terceira estava fechada por conta do Ano Novo. Quando nos aproximávamos de trechos mais difícil, Ryno nos pedia para parar e nos orientava sobre que tipos de cautela ter ao pedalar por ali, o que nos deu muita segurança para explorar cada pedacinho da propriedade.

Paisagem em Somerbosch Wine Farm nas Vinhas do Cabo
Paisagem em Somerbosch Wine Farm. Foto: Nathalia Marangoni

Nosso ponto de partida foi a vinícola Somerbosch. Explorá-la é possível na compra de um “permit” de cerca de 50 rands sul-africanos na recepção, o que permite que ciclistas e mountain bikers possam percorrer suas trilhas de forma organizada, ao mesmo tempo em que contribuem para a sua manutenção. Por ali, pudemos desfrutar de vistas deslumbrantes de algumas das montanhas mais icônicas da Cidade do Cabo à distância – Devil’s Peak e Table Mountain em destaque –, enquanto apreciávamos a fauna e flora do local. Pudemos avistar o grou-azul, a ave oficial da África do Sul, e também conhecer mais sobre a vegetação local.

Durante uma parte do passeio, Ryno nos contou sobre a ocorrência de plantas invasoras na região, de origem australiana, nos mostrando alguns exemplos. Estas plantas podem ameaçar a sobrevivência do tão aclamado fynbos, um bioma típico da região do Cabo que consiste numa vegetação arbustiva, sendo conhecido por seu alto grau de endemismo e por necessitar passar por incêndios recorrentes para continuar sobrevivendo. Suas plantas e flores são tão impressionantes, que uma grande quantidade de turistas fascinados por botânica visita a região anualmente para ver as espécies espetaculares que integram o bioma.

Vista de Ken Forrester a partir da varanda de degustação de vinhos
Vista de Ken Forrester a partir da varanda de degustação de vinhos. Foto: Nathalia Marangoni

Existe forma melhor de entender sobre isso do que observando a vegetação de perto? Acredito que não. Papo vai e papo vem, saímos da Somerbosch em direção ao nosso próximo destino. A paz reinava nas estradas que conectam uma vinícola a outra. No caminho, passamos por algumas propriedades habitadas por zebras e espécies pequenas de antílopes e fomos seguidos (e às vezes ultrapassados) por ciclistas mirins que se divertiam na região. Depois de alguns minutos dividindo a via com alguns poucos carros que passavam por ali, chegamos à vinícola Ken Forrester. Depois do portão de entrada, descemos uma via repleta de árvores até chegarmos a uma casa de arquitetura colonial do Cabo, com uma varanda sombreada bastante propícia para uma pausa e uma refrescante degustação de vinhos.

Vinho sendo servido em Ken Forrester Wineyards
Vinho sendo servido em Ken Forrester Wineyards. Foto: Nathalia Marangoni

Especializada na variedae de uva Chenin Blanc, muito popular na África do Sul, a vinícola oferece 4 tipos diferentes de degustação, uma delas focada unicamente em vinhos brancos. As experiências custam entre 60 e 100 rands, um preço bastante em conta. Provamos quatro vinhos diferentes – os Chenin Blanc eram especialmente aromáticos e se destacavam pelos sabores tropicais – e matamos a nossa sede de água, antes de colocarmos nossos capacetes e pedalarmos de volta, rumo à vinícola Somerbosch, para o último almoço de 2018. É possível fazer uma segunda degustação de vinhos por lá também, após esta última parte do passeio.

Almoço em Somerbosch Bistro
Almoço em Somerbosch Bistro. Foto: Nathalia Marangoni

Por conta da época festiva, tivemos que limitar nossa experiência a duas vinícolas, mas em outros períodos, é possível visitar mais propriedades. Conversar com o Ryno sobre as suas preferências é essencial para criar uma excursão sob medida para você e seus acompanhantes, respeitando suas limitações e receios, mas sempre maximizando as oportunidades de lazer e contemplação.

Ao final do saboroso almoço em Somerbosch, sobre árvores frondosas e uma táboa de queijos ao meu dispôr, fico feliz ao chegar à conclusão de duas coisas:

  1. A África do Sul é incrível quando explorada a pé ou de bicicleta, já que a riqueza da sua flora e fauna é melhor testemunhada com calma e e atenção aos detalhes. Penso também como este é um país verdadeiramente abençoado, com áreas naturais protegidas com muito amor e carinho;
  2. O cicloturismo é, com certeza, parte das minhas resoluções para 2019: além de causar um baixo impacto ambiental, a prática nos permite pôr o corpo para se exercitar durante as férias, descobrir nossos limites, conhecer destinos ao nosso próprio tempo e nos desconectar das distrações mundanas e as notificações no celular, que seriam muito tentadoras caso estivéssemos ao todo tempo com as mãos longe do guidão.
Ryno, fundador da Rent a Bicycle, durante a nossa chegada a Ken Forrester
Foto panorâmica com Ryno, fundador da Rent a Bicycle, estacionando bicicleta durante a nossa chegada a Ken Forrester. Foto: Nathalia Marangoni

Caso descobrir atrações irresistíveis da África do Sul esteja entre suas resoluções para o ano vindouro, entre no site da Rent a Bicycle e saiba mais sobre as diferentes excursões oferecidas na província do Cabo Oriental. Se for preciso, Ryno e sua equipe trazem as bicicletas à sua porta e serão excelentes companheiros durante sua passagem pela Nação Arco-Íris.


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Sobre o autor

Nathalia Marangoni

Nascida e criada na cidade mais populosa da América Latina, São Paulo, Nathalia tinha 13 anos quando ouviu pela primeira sobre Cape Town em um programa de TV. Depois de estudar Jornalismo, ela trabalhou por alguns anos em uma ONG dedicada ao empoderamento e empreendedorismo feminino, o que lhe permitiu viajar por diferentes regiões do Brasil, entrevistando e fotografando mulheres muito fortes. A experiência levou Nathalia a se sentir confiante o suficiente para se mudar de sua cidade natal e, finalmente, ver Cape Town com seus próprios olhos: um desejo antigo que dividiu águas em sua vida.

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