Novembro 10

Um fim de semana em Joanesburgo

Por Nathalia Marangoni em
Novembro 10, 2017

Joanesburgo, na África do Sul, costuma ser extremamente subestimada.

Por receber muitos viajantes a negócios – que se hospedagem áreas opulentas como o centro de negócios Sandton e raramente exploram bairros mais distantes – ou até mesmo por ser um portão de entrada para turistas em direção a destinos badalados como Cape Town, Kruger Park e Delta do Okavango, nossa querida Jozi ou Jo’burg, como é conhecida pelos moradores locais, acaba não sendo reconhecida o suficiente como a cidade cheia de vida e personalidade que é.

Prédio visto debaixo em Joanesburgo
Foto: Elsa Bleda

Pensando nisso, criamos uma pequena lista de coisas para fazer na fascinante Joanesburgo que, aliás, foi a cidade mais visitada da África em 2016, considerada pelo Rough Guides como a cidade #1 do mundo a ser visitada em 2015 e cunhada como a 2ª cidade mais inspiradora do planeta pelo GOOD City Index, em 2014. Se você está de malas prontas Jo’burg ou vai estar de passagem por ela nas próximas semanas, mas não tem ideia por onde começar a exploração, deslize o dedo pela tela e deixe o estilo de vida vibrante e a rica história de Jozi te cativarem.

Museu do Apartheid

Entrada do Museu do Apartheid em Joanesburgo
Foto: Cedric Weber / Shutterstock.com

Viajantes interessados em conhecer mais profundamente a luta contra o apartheid (1948 – 1991) vão encontrar um prato cheio em Joanesburgo. Uma atração obrigatória é o Museu do Apartheid, que logo de cara causa desconforto com a sua bilheteria que tem filas separadas para brancos e não-brancos.

A intenção é justamente esta: transportar o visitante em uma jornada dramática e de empatia, por meio das histórias vivenciadas no período de segregação, que são contadas a partir de recursos como fotos, filmes, paineis de texto e artefatos. Muito mais do que causar indignação e revolta, o museu também opera como um feixe de luz na escuridão: mostra ao mundo como o país está cicatrizando as feridas causadas pelo apartheid e construindo um novo futuro, de verdadeira integração e respeito à diversidade.

Caso queira começar a ler sobre o apartheid antes de sua visita ao museu, não deixe de visitar o site da instuição, que disponibiliza o download de publicações educativas sobre o período.

Horário de funcionamento: Todos os dias, das 9h às 17h
Entrada: Adultos: R85) / Estudantes, crianças e pensionistas: R70
Endereço: Northern Park Way and Gold Reef Rd

Soweto

Lebo Malepa, empreendedor e fundador do Lebo's Backpackers, em Soweto
Lebo Malepa, empreendedor e fundador do Lebo’s Backpackers, em Soweto

Outro destino obrigatório é a township de Soweto, lar de Nelson Mandela, Desmond Tutu e outros freedom fighters que lutaram contra o cruel apartheid. Se tiver tempo de sobra, agende uma Cycle Tour com a empresa Cycle in Soweto ou com o Lebo’s Backpackers e conheça esta vibrante comunidade de uma forma diferente e fora da caixinha, em cima de uma bicicleta e contribuindo com o turismo local.

Existem passeios de diferentes durações e abordando temas específicos, dependendo do seu interesse e disponibilidade na cidade. No último domingo de todo mês, um evento que vale a pena conhecer é o Jazz and Braai on the Stoep, a partir do meio dia. Artistas de jazz são convidados a trazerem seus instrumentos e desfrutarem de uma tarde espontânea, com muita música e um irresistível braai. Caso você seja aficionado por corrida, vale a pena fazer a Soweto Marathon e conhecer pontos históricos de Joanesburgo com os próprios pés.

Maboneng

Street art retratando Jan van Riebeeck, em Maboneng, Joanesburgo
Foto: Darlene Kasten

Maboneng, “um lugar de luz” em Sotho, nem sempre foi considerado o lugar iluminado que é hoje. Isto porque, há mais ou menos uma década, quando a região ainda nem tinha esse nome, sua reputação era péssima por ser considerada extremamente perigosa e violenta. No entanto, as coisas mudaram: a região passou por um processo de revitalização, impulsionado por Jonathan Liebmann e sua empresa Propertuity, que transformou armazéns e depósitos da região em galerias de arte, bares, restaurantes e apartamentos.

A revitalização do local foi criticada por ser um processo de gentrificação mascarado, afastando os moradores locais por meio da inflação dos preços dos imóveis. Ainda que a ‘reurbanização’ tenha aspectos contraditórios em sua intenção de desenvolver a comunidade local, na perspectiva turística, o processo trouxe à luz atrações interessantes como o Museu de Design Africano, primeiro museu de design da África e que no passado foi uma fábrica, o Arts on Main, espaço criativo que abriga galerias de arte, lojas, cafés e projetos interessantes como o iwasshot in joburgque fornece câmeras descartáveis para crianças de rua compartilharem seus pontos de vista.

Há ainda o Main Street Bazaar, onde itens como joia, roupas e artes 100% locais podem ser encontrados, o restaurante etíope e delicioso Mr Jame’s e The Bioscope, um cinema com espaço para 68 pessoas que exibe tanto filmes internacionais independentes, como filmes locais. Um dos destaques do Bioscope é o evento Noodle Box, durante o qual são exibidos clássicos chineses e filmes Kung Fu, que você pode assistir enquanto saboreia aos noodles servidos no local.

Markets

Market on Main, em Joanesburgo, durante evento First Thursdays
Market on Main em uma edição especial, durante a First Thursdays, evento em que galerias de arte, museus e restaurantes ficam abertos até mais tarde durante a primeira quinta-feira de cada mês / Foto: Facebook do Market on Main

Aos domingos, algumas pessoas vão à igreja e, em Joanesburgo, muitas vão para o Market on Main, um food e design market que é promovido nas instalações do Arts on Main. Criado em 2011 e acompanhando a metamorfose de Maboneng, a iniciativa foi criada com o objetivo de “encorajar um estilo de vida local, proporcionando um espaço criativo e relaxado para a venda de produtos”. Por lá, você vai encontrar vegetais orgânicos, comidas típicas de diferentes continentes, doces, cafés, roupas, calçados, exibições fotográficas e muito, muito mais!

Outros markets também são promovidos semanalmente em Joanesburgo e também valem uma visita: Neighbourgoods Market e o Fourways Farmers Market são excelentes opções de passeio aos sábados. Há ainda o Kwa Mai Mai Market, uma feirinha tradicional sul-africana de medicina tradicional, onde curandeiros — ou healers – vendem produtos naturais para a saúde.

Baladas

Harem Nightclub, em Joanesburgo
Foto: Harem Nightclub

Para os chamados party animals, Joanesburgo também oferece uma gama de clubes noturnos. Transbordando glamour e exclusividade, alguns deles estão situados no metro quadrado mais caro da África, Sandton: The Sands (afropop, hip hop  e house), Taboo (house music) e Onyx (house e dance music). Há ainda o Harem, em Rosebank, , que costuma ser bastante pulsante às sextas-feiras e tem uma atmosfera mais West African.

Dica de ouro: caso você queira fazer um esquenta antes de conhecer os clubes noturnos de Jozi e se maravilhar, das alturas, com o seu icônico skyline, uma ótima pedida é dar um pulo no rooftop bar Living Room, um espaço “eco urbano” situado em Maboneng. Seu slogan “pelo amor às plantas” é refletido em seu menu repleto de pratos vegetarianos calorosos, drinks herbais e sua decoração visionária, emoldurada por trepadeiras e agraciada por belos vasos de plantas. Um oásis verde em meio à charmosa selva de pedra.

Living Room, rooftop bar em Joanesburgo
Living Room, espaço “eco urbano” em Joanesburgo com vistas maravilhosas do skyline da cidade / Foto: Facebook do Living Room

Restaurantes

A culinária de Joanesburgo reflete o caldeirão de culturas de uma cidade habitada por diferentes grupos étnicos e com grande influxo de imigrantes. Como o jornalista Saki Knafo brilhantemente apontou em seu artigo para a Travel+Leisure, em Joanesburgo “você pode comer um gelato feito por um italiano, saborear peixe dourado de Moçambique, cozido ao estilo congolês com arroz e banana frita, provar bolos de milho com diferentes tipos de molho preparados por um boêmio Zulu ou experimentar o roti de gengibre de um Rastafári que diz ter vindo de um paraíso celestial da quinta dimensão”.

The Blackanese Sushi Bar em Joanesburgo
Segundo Vusi Kunene, dono do Blackanese Sushi Bar, o restaurante tem dado certo graças à natureza receptiva e curiosa de Joanesburgo: “Jo’burg é cheia de pessoas loucas que stão sempre abertas a interagir com ideias locais. Nesta cidade, só os seus pensamentos podem limitá-lo”.

Uma excelente forma de provar toda essa diversidade, além de visitar os prolíficos food markets da cidade, é percorrer uma série de restaurantes inusitados e originais. Um deles é o Blackanese Sushi Bar, situado em Maboneng, que promove uma experiência afro-asiática por meio de seus california rolls preparados com biltong, por exemplo, e churrasco de camarão aos domingos.

Para uma experiência mais tradicional, visite o Moyo, em Melrose Arch, este moderno restaurante é uma verdadeira celebração da culinária africana e Pan-Africana, englobando pratos Cape Malay, Xhosa, carne de caça e frutos do mar, combinados a pequenas iguarias. Tudo isto ao som ao vivo de bandas africanas e uma ótima atmosfera boêmia ao ar livre.

Prédio em Joanesburgo fotografado por Elsa Bleda
Joanesburgo distípica: um retrato de Jo’burg feito pela fotógrafa Elsa Bleda, que costuma fotografar a cidade à noite utilizando tons neon

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Foto do cabeçalho: Elsa Bleda


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Sobre o autor

Nathalia Marangoni

Nascida e criada na cidade mais populosa da América Latina, São Paulo, Nathalia tinha 13 anos quando ouviu pela primeira sobre Cape Town em um programa de TV. Depois de estudar Jornalismo, ela trabalhou por alguns anos em uma ONG dedicada ao empoderamento e empreendedorismo feminino, o que lhe permitiu viajar por diferentes regiões do Brasil, entrevistando e fotografando mulheres muito fortes. A experiência levou Nathalia a se sentir confiante o suficiente para se mudar de sua cidade natal e, finalmente, ver Cape Town com seus próprios olhos: um desejo antigo que dividiu águas em sua vida.

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