Fundado em 2017, o museu Zeitz MOCAA – Zeitz Museum of Contemporary Art Africa – é certamente uma atração imperdível na Cidade do Cabo. Situado na vibrante região de V&A Waterfront – a “meca das compras” da cidade – o museu foi, no passado, uma propriedade destinada ao armazenamento de materiais granulosos, como cereais, o que explica porque sua arquitetura é tão engenhosa, com silos que se elevam até o terraço.
Com nove andares, dentro os quais sete são dedicados a exibições, o museu tem como foco coletar, preservar, pesquisar e exibir arte do século XXI da África e de sua diáspora – palavra que descreve o êxodo de pessoas de determinada origem, neste caso, de origem africana, e seus descendentes por diversas partes do mundo, incluindo lugares como o Brasil e Estados Unidos).
Estivemos no Zeitz MOCAA recentemente e trazemos a você alguns detalhes de suas exposições e motivos pelos quais você deveria visitá-lo durate sua passagem na Cidade do Cabo, especialmente nos meses de inverno, quando a temperatura mais fria e o vento convidam seus visitantes e moradores a explorarem seus interiores.
1. Arquitetura
Como mencionamos acima, antes de tornar-se um museu, a propriedade que é hoje o Zeitz Mocaa era destinada à armazenação de grãos, possuindo 42 silos. O museu manteve três deles e estendeu sua altura, de forma a acomodar 2 elevadores e uma escadaria central. Os silos possuem 23 metros de altura e o prédio conta com 11 andares. Estabelecido em 1921, a propriedade foi a torre mais alta da África Subsaariana por quase meio século.
2. Esculturas e instalações no terraço
No terraço de Zeitz MOCAA, onde começamos nosso passeio, é possível conhecer a exposição “Now and then”, um diálogo entre artistas históricos e novatos. Um dos aspectos mais interessantes do “sculpture garden” de Zeitz MOCAA – um jardim ou parque dedicado à exposição de esculturas – é que, além de suas instalações, parte de seu solo é feito de vidro e coberto por um “Alfabeto Cósmico”, criação do artista El Loco, originalmente de Togo.
Essencialmente, o alfabeto não possui um significado; o objetivo de El Loco, que infelizmente morreu um mês antes da instalação ficar pronta, era desenvolver um linguagem universal que transcendesse barreiras raciais e culturais que proíbem a livre associação e a comunicação. O “Alfabeto Cósmico” consiste de símbolos retirados de seu trabalhos anteriores. Caso você não tenha medo de altura, chegue mais perto do chão de vidro e olhe através dele. Vistas da Cidade do Cabo também tornam o terraço uma área obrigatória a ser visitada no museu.
3. Exposições
Com tantas exposições temporárias e permanentes espalhadas por mais de 100 galerias no museu, fica difícil escolher quais destacar. Durante nossa visita ao Zeitz Mocaa em junho de 2018, tivemos a oportunidade de conhecer os trabalhos de artistas como Kudzanai Chiurai (Zimbábue), Lungiswa Gqunta (África do Sul) e Ruby Swinney (África do Sul) e, com a companhia da curadora Julia Joan Kabat, tivemos saber informações sobre as obras e seus criadores.
“Human Nature”, de Ruby Swinney, por exemplo, leva os visitantes a uma jornada de auto reflexão que navega por terrenos – divididos em temáticas – como “Província”, “Paisagem Urbana”, “Água”, “Natureza” e “Jardim”. Cada uma das temáticas retrata o desejo humano de estabelecer seu lugar na natureza, um espaço imprevisível e indomável que influencia nosso estado emocional, com o poder de nos tornar vulneráveis. As pinturas de Swinney parecem sonhos saídos da realidade e estimulam a introspecção.
Enquanto isso, o trabalho multifacetado e multidisciplinar de Kudzanai Chiurai apresenta-se sob a forma de desenhos, pinturas, esculturas e fotografias, todas com uma forte narrativa polítca, econômica e social, poderosas ao questionar o colonialismo e a independência de países africanos até o dias de hoje. Uma de suas obras mais contundentes é “Yyeza”, um trabalho multimídia – sob a forma de um vídeo caótico de 11 minutos – que recria o quadro de Leonardo da Vinci, “A Última Ceia”, abordando temas como corrupção, religião e xenofobia a partir de arquétipos da identidade africana.
Lungiswa Gqunta, da cidade sul-africana de Port Elizabeth, brinca com materiais domésticos como roupas de cama, garrafas de vidro e caixinhas de fósforo para tecer narrativas sociais sobre a vida da população negra do país. Em “Divider”, as garrafas de cerveja vazias, da marca sul-africana Black Label, suspensas em cordões vermelhos, refletem a presença do álcool em dinâmicas de relacionamentos familiares opressivos, nas quais o abuso da substância é mantido em segredo, ainda que as garrafas vazias digam muito, sem nada dizer.
Nota: Recomendamos que você realize uma visita guiada ao museu, na companhia de um curador ou curadora. Saber cada pedacinho da história de cada exposição e como foi realizado o processo de curadoria faz toda a diferença e você sairá de lá com muito a refletir.
4. Gastronomia nas alturas
Situado no sexto andar do museu, Zeitz MOCAA Food oferece aos visitantes a chance de experimentar pratos típicos sul-africanos de uma maneira reimaginada, em versões inventivas e muito saborosas. Durante nossa visita, tivemos oportunidade não apenas desfrutar de vistas gratificantes da Cidade do Cabo, como degustar iguarias do novo menu do restaurante e provar um prato principal e sobremesa. Um vinho Viognier, da vinícola sul-africana Lourensford, foi recomendado pela equipe do restaurante e tornou-se o acompanhamento perfeito para todas as iguarias que provamos.
De passagem pela Cidade do Cabo e quer conhecer as exposições do Zeitz MOCAA? Confira seus horários de funcionamento abaixo e planeje seu dia.
Horário de funcionamento:
Quarta à segunda-feira: 10h – 18h
Primeira sexta-feira do mês: 10h – 21h
Fechado às terças-feiras
Preço do ingresso por adulto:
180 rands sul-africanos (menores de 18 anos têm entrada gratuita)
Contato:
+27 (0)87 350 4777
info@zeitzmocaa.museum