Julho 9

Antílopes africanos | Conheça diferentes espécies

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Por Nathalia Marangoni em
Julho 9, 2018

“Uma manada de impalas – uma das espécies mais comuns de antílopes africanos – pasta pacificamente num vale exuberante. De repente, o vento muda de direção, trazendo um cheiro novo, mas familiar. Os impalas sentem o perigo no ar e ficam imediatamente tensos e alertas, prontos para correr ao menor sinal. Eles cheiram o ar, olham e escutam com cuidado por alguns momentos, mas quando nenhuma ameaça aparece, os animais voltam a pastar, relaxados mas ainda vigilantes.

Antílopes africanos | Impalas são vistos nos arredores de Royal Zambezi Lodge, Zâmbia
Impalas são vistos nos arredores de Royal Zambezi Lodge, Zâmbia

Sentindo o momento, um chita, que estava à espreita, salta de seu esconderijo no matagal denso. Como se fosse um só organismo, a manada dirige-se rapidamente na direção de moitas protetoras na extremidade do vale. Um jovem impala titubeia por meio segundo, e então se recupera. Mas é tarde demais. Como uma mancha, o chita dá o bote na direção de sua vítima, e a caça acontece na surpreendente velocidade de 90 a 100 quilômetros por hora.

Antílopes africanos | Impala é arrastado por chita em uma planície gramínea
Rendido ao chita, estaria o impala em estado de “congelamento” nesta foto? Foto: Vince Smith

No momento do contato (ou logo antes dele), o jovem impala cai no chão, rendendo-se à morte iminente. Mas ele pode não estar ferido ainda. O animal, imóvel como pedra, não está fingindo estar morto. Ele entrou instintivamente num estado alterado de consciência compartilhado por todos os mamíferos quando a morte parece iminente. Muitos povos indígenas encaram este fenômeno como uma entrega do espírito da presa ao predador; o que, de certo modo, é.”



O trecho acima foi retirado de “O Despertar do Tigre – Curando o Trauma”,  livro de Peter A. Levine, psicólogo contemporâneo especializado em trauma e estresse. Bem como os antílopes, seres humanos podem entrar em um estado alterado de resposta de “imobilidade” ou de “congelamento” – uma das três respostas primárias disponíveis a répteis e mamíferos quando estes são confrontados por uma ameaça. No entanto, as outras duas – luta e fuga – são mais familiares para nós.

Silhueta de um kobus leche ao pôr do sol, arredores de Busanga Bush Camp
Silhueta de um kobus leche ao pôr do sol

Embora não sejam os animais mais cobiçados de um safári na África – talvez por serem vistos em grande abundância na maioria das reservas nacionais e concessões privadas – os antílopes exercem fascínio entre estudiosos do comportamento animal – e humano – por sua capacidade de esquecer completamente de episódios traumáticos caso consigam sair deste estado de “congelamento” e sobreviver a uma caçada, o que pode acontecer quando o predador peca por falta de atenção ou está transportando sua presa para um lugar mais seguro, dando tempo o suficiente para que o antílope acorde de seu estado de inconsciência.

Extremamente importantes para a biodiversidade e a manutenção de ecossistemas, eles parecem ter sido “projetados” para fugir do perigo e o estado de “congelamento” citado acima os protege de sentir a dor e o sofrimento inevitáveis ao serem devorados por um chita ou qualquer outro predador. Em celebração a estes saltitantes e resilientes animais, confira abaixo uma lista de diferentes espécies de antílopes africanos:


Gnu

É comum ver disputas territoriais entre gnus durante safáris na África
Um pouco diferente e com uma aparência mais obscura comparada à maioria dos antílopes, o gnu (em inglês, “wildebeest”) habita o imaginário popular por protagonizar uma grande migração anual entre a Tanzânia e o Quênia, retratado no clássico filme da Disney “O Rei Leão”. Há duas espécies deste animal: o gnu-de-cauda-branca e o gnu-de-cauda-preta. Foto: Selinda Camp


Cabra-de-leque

Cabras-de-leque em gramado vibrante perto de Bushmans Kloof Koro Lodge, África do Sul
Nativo da África do Sul, o cabra-de-leque é o símbolo nacional do país e seu nome em inglês “springbok” serve de apelido para a bem sucedida seleção sul-africana de rugby. Possui três variantes: o típico cabra-de-leque, de cor bege, e o cabra-de-leque branco e preto. Podem ser encontrados na África do Sul, Namíbia e partes de Botsuana e Angola.


Inhala

Inhala e filhote são vistos nos arredores de Sabi Sabi Bush Lodge
Inhalas podem ser encontrados na África do Sul, e em abundância no Parque Nacional Kruger. São animais herbívoros e além de pastarem, também conseguem alcançar frutos, folhas e flores. Podem ser encontrados perto de arbustos densos em meio a savanas, preferindo ficar próximos de fontes de água e grama de alta qualidade.


Impala

Impalas na Reserva Karongwe, África do Sul - Foto: Guilherme Perez
Provavelmente a espécie mais comum de antílope encontrada em safáris na África do Sul, o impala é um animal gracioso que, além de ser perseguido por grandes carnívoros, também pode ser vítima da cobra Píton quando mais jovens. São conhecidos por seus pulos de 3 metros de altura e saltos de 12 metros de distância. Foto: Guilherme Perez


Palanca-negra

Palanca-negra em Chelinda Camp
Conhecido em inglês como “sable antelope”, o palanca-negra se apresenta em quatro subespécies, entre elas, o palanca-negra-gigante de Angola, que é o símbolo da seleção angolana de futebol. Quando atacados por grandes predadores, eles se defendem com seus chifres, que possuem forma de cimitarra, um tipo de espada. Muitos felinos morrem durante estes confrontos.


Elande

Elande, uma espécie de antílope.
Ainda que sejam antílopes grandes, elandes são conhecidos por serem ótimos saltadores, podendo pular uma cerca de dois metros com certa facilidade. Foram retratados com abundância na pré-história, por povos caçadores-coletores que habitaram a região sul da África.


Cudo

Kudu fêmea na Reserva Welgevonden, África do Sul. Foto: Nathalia Marangoni
Nas estações secas, cudos se alimentam de melancias e outras frutas, a fim de desfrutar de seu conteúdo líquido e açúcares. Os chifres encontrados nos machos serve de matéria-prima para a elaboração de instrumentos musicais em algumas culturas.

 

Cobo-de-meia-lua

Waterbuck à espreita nos arredores de Umkumbe Safari Lodge
Em inglês, cobo-de-meia-lua é chamado de “waterbuck”. Já na Angola, ele é chamado de “quissema” e em Moçambique de “inhacoso”. Não importa do que você o chama, é difícil não ficar fascinado pelo seu chifre em  em forma de lua crescente, que aparece e desaparece em meio à vegetação. São ótimos nadadores e podem recorrer à água para fugir de grandes felinos.


Cobo-leche

Um kobus leche macho é fotografado no Parque Nacional Chobe, Botsuana
O cobo-leche pode ser encontrado em diferentes países da África Subsaariana. Costumam ter a pelugem em tons de dourado e marrom. O macho da espécie costuma ser mais escuros em cor e apresentar chifres longos e estruturados em espiral.


Antílope-salta-rochas

Klipspringer, Waterberg Plateu Lodge, África do Sul
Pequeninos, os klipspringers recebem o nome em português de antílopes-salta-rochas. São animais noturnos e apresentam comportamentos monogâmicos, diferente da maioria das espécies de antílopes. Para conseguir se hidratar, eles costumam se alimentar de plantas suculentas e não necessariamente de água.


Duiker

Duiker é visto nos arredores de Cheetah Plains.
Duikers são animais bastante tímidos, preferindo se esconder entre arbustos e moitas densas. Por serem bastante pequenos, eles se concentram em se alimentar de alimentos menores, mas de alta qualidade nutricional, entre eles frutas, sementes e folhas. Duikers suplementam sua dieta com insetos, carniça e, por vezes, conseguem capturar roedores e pequenos pássaros.


Órix

Órix caminha pelas dunas de Sossuvlei, Namíbia
Órixes podem ser encontrados em regiões áridas do sul da África, como o deserto de Kalahari, na Namíbia. Costumam ser alvo de caçadores por conta de seus chifres, que possuem uma média de 85 cm.

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Sobre o autor

Nathalia Marangoni

Nascida e criada na cidade mais populosa da América Latina, São Paulo, Nathalia tinha 13 anos quando ouviu pela primeira sobre Cape Town em um programa de TV. Depois de estudar Jornalismo, ela trabalhou por alguns anos em uma ONG dedicada ao empoderamento e empreendedorismo feminino, o que lhe permitiu viajar por diferentes regiões do Brasil, entrevistando e fotografando mulheres muito fortes. A experiência levou Nathalia a se sentir confiante o suficiente para se mudar de sua cidade natal e, finalmente, ver Cape Town com seus próprios olhos: um desejo antigo que dividiu águas em sua vida.

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