A famosa editora de guias de viagens Lonely Planet lançou em agosto deste ano o livro “50 Epic Hikes of the World”, uma seleção de 50 trilhas de caminhada em 30 países diferentes consideradas épicas por seus jornalistas. Naturalmente, trilhas épicas na África do Sul – país onde o termo “trekking” foi originado – foram incluídas na lista e nós tivemos o privilégio de ter realizado algumas delas por conta própria.
A publicação, aliás, conta com trilhas de hiking e de trekking. A diferença entre as duas modalidades é bastante simples: a primeira envolve caminhadas bate e volta pela natureza, ou seja, uma trilha de no máximo um dia, enquanto a segunda engloba uma atividade mais rigorosa, que envolve dormir fora ao realizar o percurso, que pode durar bem mais do que um dia e há sempre um desafio envolvido. Ambas as modalidades prestigiam a imersão na natureza em suas diferentes facetas, como boa parte das atividades de turismo de natureza.
Caminhar pela natureza é comprovadamente uma excelente forma de cuidar da sua saúde física, emocional e mental, ao mesmo tempo em que você pode se aventurar e conhecer um destino com mais profundidade, prestando atenção em detalhes como sua vegetação nativa, suas aves e animais selvagens, além de ouvir sons, sentir aromas e desfrutar de vistas somente alcançadas durante sua jornada, que o farão lembrar que você é parte de tudo isso!
Conheça abaixo algumas das trilhas sul-africanas que garantiram seu espaço na lista da Lonely Planet e prepare-se para incluí-las em seu roteiro pela irresistível e exuberante Nação Arco-Íris. Além destas, aparecem no livro as trilha para a Shelter Rock (em Magaliesberg) e Sentinel Peak (em Drakensberg).
Maltese Cross
Certamente, o mais perto de Marte que você pode chegar na África do Sul! A trilha que leva à Cruz Maltesa – uma formação rochosa curiosamente posicionada em meio às montanhas de Cederberg, a cerca de 270km da Cidade do Cabo – garantiu seu espaço no livro “Epic Hikes of the World” da Lonely Planet, muito em parte por conta de sua estética pitoresca. Há partes do percurso que parecem ser típicas de planetas distantes ou de filmes como “Mad Max”.
Ao longo do percurso de 7km, pudemos ver diferentes espécies de flores silvestres, formações rochosas em variadas cores e formatos e até um corvo-das-montanhas caminhando solitário pela trilha marcada, como se conhecesse cada pedaço dela. De pano de fundo, tivemos o privilégio de ter a imponente Sneeuberg como companheira. Honrando seu nome em africâner – que significa “montanhas de neve” – a cordilheira parecia um bolo salpicado de açúcar de confeiteiro, graças à frente fria que visitou a região na noite anterior.
Dicas preciosas
- Evite visitar a região de Cederberg no verão: é bastante difícil de fazer trilhas de caminhada por lá quando as temperaturas chegam a 40° Celsius. Caso visite a região neste período – e goste da ideia de visitar o “inferno – não esqueça do protetor solar, do chapéu e de começar as suas andanças o mais cedo possível.
- A trilha que leva à cruz Maltesa leva 3,5 a 4 horas para ser completada – crianças e pessoas de idade realizam a trilha frequentemente.
- Além da Cruz Maltesa, há uma série de trilhas na região, em diferentes níveis e durações. Não esqueça de comprar autorizações de hiking em escritórios com o da empresa Cape Nature e outras organizações responsáveis pela manutenção das trilhas.
- Algumas das trilhas, como a Staandsal Caves, leva os trilheiros a cavernas revestidas por pinturas rupestres do povo Khoisan.
- Planeje uma viagem à Cederberg durante a primavera: além de conhecer as belas montanhas da região, você pode dar um pulo nas cidades vizinhas para desfrutar de restaurantes, vinícolas e outras atrações charmosas, além de visitar a Reserva Natural Ramskop, em Clanwilliam, que durante este período fica repleta de flores silvestres – certamente, um destino muito instagramável.
- Se tiver tempo, visite a península da Costa Oeste sul-africana: cidades como Langebaan e Paternoster contam com incríveis restaurantes de frutos do mar e, naturalmente, uma ampla variedade de esportes aquáticos. O Parque Nacional West Coast e sua seção Postberg são destinos imperdíveis durante a temporada das flores. Leia mais sobre em nosso artigo Temporada das Flores na Região do Cabo.
Os 3 picos da Cidade do Cabo
A Cidade do Cabo é abençoada por três famosas montanhas em seu horizonte: a Table Mountain, a mais emblemática, o Devil’s Peak (Pico do Diabo) e a Lion’s Head (Cabeça de Leão). Há quem consiga conquistar os três picos em um só dia. Para os não praticantes do hiking, a missão pode ser difícil. Por isso, a Lonely Planet recomenda a realização dos três percursos em um fim de semana. E o melhor de tudo: quando seus pés não estiverem tocando o solo sagrado das montanhas e os seus olhos não estiverem vislumbrando a vegetação fynbos, desfrute de almoços saborosos com vista para o oceano, visitas a museus e banhos de sol em praias de selo Bandeira Azul.
Lion’s Head
Na sexta-feira, dirija-se para a Lion’s Head, a mais baixa das montanhas (669 m) em torno das 16h ou 15h, dependendo do horário em que o sol se pôr no dia escolhido, embale um piquenique e chame os amigos para percorrer a charmosa montanha. A rota para cima leva em torno de 1h e as vistas da cidade, do oceano e até mesmo da cordilheira de montanhas 12 Apóstolos garantem um pôr do sol inesquecível na Cidade do Cabo, com a Table Mountain como protagonista.
Por sua curta duração, a rota que leva ao topo da Lion’s Head é a preferida dos trilheiros menos experientes e é bastante percorrida em noites de lua cheia. Muitas pessoas gostam de unir o útil ao agradável realizando o percurso ao nascer ou pôr do sol, o que torna o trajeto ainda mais cênico graças à impressionate iluminação que cai sobre a cidade – ótima oportunidade também para os fãs da fotografia praticarem suas habilidades.
Ainda que não leve muito tempo para chegar ao topo da Lion’s Head, o caminho pode ser tortuoso em alguns curtos trechos para os que possuem medo de altura, mas nada realmente assustador. Uma das rotas envolve se agarrar a correntes e subir uma pequena escada de ferro, no entanto, estes “obstáculos” estão ali para auxiliá-lo na escalada e são realizados bastante rapidamente. Escolha fazer o percurso com amigos de confiança e tudo vai dar certo.
Devil’s Peak
No sábado, é a vez de conquistar o topo de outra coadjuvante do horizonte da Cidade do Cabo, o Devil’s Peak. Esta é a montanha menos explorada e, ao mesmo tempo, a que recebe mais sol e vento em comparação à Table Mountain e a Lion’s Head. Ainda que seu pico pareça um pouco mais alto do que o da Table Mountain, o Devil’s Peak possui 1000 m de altura, enquanto a primeira possui 1085 m. Há quem diga que seu topo garante as melhores vistas: de lá, é possível ter vislumbres panorâmicos que incluem a Table Mountain, o centro da cidade, o porto, a orla, a Robben Island, Cape Flats e Southern Suburbs.
Durante sua caminhada, nuvens podem chegar de repente ao longo do caminho; muitos trilheiros acabam se perdendo! Portanto, planeje cuidadosamente sua subida ao pico, checando com antecedência websites como o Weather SA, que também mostram a chegada de frentes frias. Caso a previsão seja de um dia quente, faça a caminhada logo pela manhã, assim, caso o sol esteja forte, você poderá encontrar refúgio em partes sombreadas da montanha.
Assim como a Lion’s Head e a Table Mountain, Devil’s Peak é coberto por fynbos, uma vegetação endêmica das regiões do Cabo Oriental e do Cabo Ocidental, que por si só se torna uma atração durante trilhas de caminhadas por conta de sua ampla variedade de espécies de flores e plantas. Desafiadora e cansativa, a subida para o topo é inclinada em alguns trechos e pode ventar bastante durante o percurso. Lembro que quando realizei a trilha, senti bastante dor nas pernas por alguns dias. No entanto, chegar ao topo é gratificante e a diversidade de vistas é outro show a ser desfrutado.
Há diferentes formas de conquistar o Devil’s Peak, entre elas percorrendo a Tafelberg Road (considerada a rota mais fácil, seu começo fica perto da estação de teleférico da Table Mountain), a Mowbray Ridge (considerada a mais difícil) e a Newlands Ravine, as duas últimas partindo do Rhodes Memorial. Independentemente da trilha escolhida, o percurso possui dificuldade moderada e leva em torno de 4 horas para ser concluído – um pouco mais se você encaixar um piquenique nas alturas. Não esqueça de levar água, lanches, jaqueta corta-vento e protetor solar em qualquer uma das suas caminhadas. Caminhe sempre prevenido (a) e acompanhado (a).
Table Mountain
Para completar esta trilogia de gigantes, nada melhor do que conquistar o topo da Table Mountain. Recentemente, publicamos alguma artigos sobre este cartão-postal maravilhoso da Cidade do Cabo: uma lista de curiosidades, informações sobre o teleférico e um relato pessoal do Amarilio Neto, nosso consultor de viagens, que conquistou o topo da montanha a partir do percurso.
Com tanta informação à sua disposição, só podemos dizer que independente da rota escolhida para chegar ao topo da Table Mointain – você pode escolher entre o Skeleton Gorge, o Platteklip Gorge e a Kasteelspoort – a experiência promete vislumbres de animais, aves, flores silvestres, plantas e, caso você esteja cansado demais para voltar a pé, é possível tomar um café ou desfrutar de uma refeição lá em cima e, depois, pegar carona num teleférico. A Table Mountain é realmente bastante conveniente.
Que tal combinar a conquista dos 3 Picos com uma estadia no MannaBay ou na Ellerman House, hospedagens de luxo com vistas fascinantes da Cidade do Cabo? De lá, você pode partir para uma viagem de fim de semana em Cederberg e conhecer a Maltese Cross e muitas outas trilhas incríveis! Entre em contato com um de nossos consultores de viagem para tirar suas aventuras ao ar livre do papel.